sexta-feira, 30 de setembro de 2016

gratidão.

Durante todo o processo de luto eu tive uma força extra além do apoio da minha família e amigos, a minha sogra foi uma peça fundamental, até porque ela é o que eu ainda tenho dele no mundo, consigo senti-lo por perto quando estou com ela porque sempre foram muito parecidos, ela é empolgada como ele, gentil, amorosa, ama pimenta e  é muito sábia,  tive a sorte de me relacionar com um homem incrível e desfrutar de um namoro saudável justamente por ser educado por uma mulher tão linda por fora e por dentro.

Nunca frequentei muito a casa dele durante o namoro, por ter um temperamento muito parecido com o da mãe dele preferi evitar contato rotineiro para que não houvessem possíveis conflitos, frequentava o suficiente para que o amor e o respeito fossem cultivados e deu certo! Nossa relação  sempre foi amistosa, nunca houve cobranças da parte dela, ciúmes, intrigas,sempre me tratou super bem, com muita verdade, meus amigos sabem que durante os cinco anos que convivi durante o namoro nunca tive queixas a respeito dela,

. Depois que ele se foi nos unimos mais e foi aí que percebemos que não nos conhecíamos muito e precisaríamos de tempo, ainda estamos nos conhecendo, E de verdade é um tipo de ser humano que desejo ter sempre por perto. Ela é muito verdadeira,  torce por mim, sempre me abençoou com palavras lindas, da ultima vez que nos vimos foi um encontro bem dramático, muitas lágrimas, ela me disse que sou a extensão dele, que só quer que eu seja muito feliz, não quer que ninguém me faça mal, como não amar?


Desabafando a respeito das minhas angustias e dores certa vez ela me disse a seguinte frase : " A minha dor é muito pior que a sua" Isso por muito tempo me intrigou e fiquei refletindo se poderia haver alguma balança em que fosse possível medir dores e estabelecer qual seria pior ou maior, tudo que eu sabia a respeito  disso era que, o fato de existir uma dor maior que a minha, não atenuava   meu sofrimento, não consolava, dor é dor, se estou com uma cólica e uma pessoa me diz que a dor dela é muito pior que a minha, isso não vai fazer com que passe, pior ainda é explicar o que é a dor de uma cólica a alguém que nunca nem ouviu falar disso, naquela ocasião, escutar que a dor de alguém era muito pior que a minha me deixou mais triste e com muita raiva, que mundo é esse em que até o sofrimento é palco de disputa para vermos em quem dói mais?

 Fiquei ressentida por um tempo com essa frase até compreender que ainda que  não existisse uma balança,  ha momentos em que devemos oferecer ao outro aquilo que gostaríamos de encontrar, infelizmente no estado em que me encontrava eu nada podia oferecer, tudo que eu tinha era mágoa porque ouvi algo tão duro, Algum tempo depois fui visita-la, e então pude entender o peso daquela frase que me deixou magoada e o quão egoísta eu fui de pensar tudo que pensei, me arrependi, até me envergonho de tê-la julgado tão mal  por aquela frase infeliz.

Em uma das nossas conversas ela  disse, ''a sensação que tenho é semelhante as escravas quando os filhos eram arrancados dos seus braços, meu filho, o mais parecido comigo, foi arrancado de mim'' . Em minha balança imaginária, no palco da minha disputa de dores, não há angustia maior ou menor, mas eu não sei o que é ter um filho, só sei o que é sentir cólica, mas não sei a intensidade das dores de um parto, dor igual a todos os ossos do corpo se quebrando ao mesmo tempo, aí meu egoísmo precisou sair de cena para entender que  a intensidade e a forma que cada um vivencia essa dor é diferente, mais do que respeito, precisava enxergar essa mãe com olhos de amor e generosidade para compreender que de fato ela tinha razão, a dor dela era realmente muito pior que a minha e mais do que aceitar isso, eu precisava aceitar que ela dividisse esse fardo comigo.

Nos abraçamos, sentia que aquela estranha, pessoa que evitei conviver fugindo de conflitos fazia parte de mim , trouxe mais um aprendizado para conta, não podemos permitir que a mágoa acabe minando nossas relações, precisamos tentar compreender o outro, se colocar no lugar do outro, empatia, oh coisinha difícil de exercitar! Não posso deixar de amar uma pessoa com um coração tão generoso por causa de uma frase mal compreendida, eu só sei que vamos seguir juntas, eu ainda não consegui deixar de chamá-la de sogra, sei que terei outra, entendi cedo que minha vida vai se refazer, mas vou levá-la sempre em meu coração por tudo que ainda insiste em me ensinar, gratidão!

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

...reflexões

 Já faz anos que não escrevo em meu blog, inicialmente ele contava a minha rotina na faculdade, minhas aventuras na cozinha, alguns anos se passaram, muitas coisas aconteceram e senti a necessidade de voltar a escrever, ainda não sei ao certo sobre o que devo escrever, o que gostaria de compartilhar, quem sabe algumas reflexões sobre a vida e o quanto ela é dinâmica, dói, insiste em seguir e como Deus conduz as coisas de um jeito tão difícil de compreender  que somente pela fé é possível aceitar;

Certo dia assistindo a um programa de tv escutei algo que me levou a  reflexão, ele disse assim: '' Somente alguém que foi verdadeiramente amado independentemente do que tiver acontecido (leia-se separação ou morte, o assunto era sobre esses temas.) poderá amar novamente.'' Isso encheu meu coração de esperanças, ao escrever tenho lágrimas nos olhos. Definitivamente não são dias bons, o tédio me toma, parece que nada acontece, mas palavras de esperança chegam até mesmo por meio de um programa de tv.

Eu perdi um grande amor e sempre achei perigoso me expor, na verdade durante todo esse tempo eu preferi negar que algo tão dolorido aconteceu de verdade comigo, foi mais fácil viver como se nada tivesse acontecido e seguir minha vida. Negar não foi uma atitude consciente, e quando me dei conta foi a alternativa que me agarrei para não surtar, jamais imaginei viver sem ele. Eu me vi consolando pessoas, tentando a todo custo seguir com esse buraco enorme no peito, viver a realidade é o pior dos castigos, escrever faz um mal danado pq evoca todos os sentimentos que não gostaria de lidar, mas sinto que é necessário, nunca soube lidar com o sentimento de compaixão que as pessoas tiveram por mim nessas circunstancias, aqui eu tenho poucos seguidores dos quais nem acredito que lerão este texto tão triste..



ps. Na tentativa de escrever, muitos textos ficarão sem fim, certamente pq não consegui terminar por conta das emoções que me tomam, sempre que isso acontecer, terminarei com reticencias. tentarei retomar em um próximo.